A
denúncia partiu do fiscal Daniel Gouvêa Teixeira que é Médico
Veterinário, ele foi designado para ser chefe substituto do Serviço
de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA) isso no ano de
2012, no estado do Paraná. Quando
assumiu o cargo passou
a ter
conhecimento de que
estavam sendo feitas remoções de fiscais sem atender aos critérios
internos para isso, e sem que os removidos fossem consultados a
respeito de suas remoções.
Essas
remoções estavam ocorrendo para atender aos interesses das empresas
fiscalizadas, com o intuito de por fiscais que fizessem vista grossa
no momento da fiscalização, ou seja, que não fiscalizassem com o
mesmo rigor (que seria o certo a ser feito), colocando então novos
fiscais que já estavam cientes do esquema de “fiscalização”
Vendo
que isso estava ocorrendo de forma arbitrária Daniel ofereceu
denúncia ao Sindicato dos Fiscais Agropecuários contra a então
chefe do SIPOA Maria do Rocio Nascimento com caracterização de
assédio moral. Após ter realizado a denúncia o mesmo foi exonerado
do cargo de chefe substituto e foi transferido e voltou a exercer
suas funções de fiscal só que em um local distante ao que se
encontrava.
Voltando
as suas atividades de fiscal ele começou a realizar as fiscalizações
em abatedouros de suínos de porte pequeno, e começou a verificar e
receber denúncias dos próprios administradores de abatedouros,
várias irregularidades como aproveitamento de animais mortos para
produção de outros alimentos, o que não seria permitido, e
pagamento de valores para que os fiscais liberassem certificados e
outros papéis necessários para funcionamento.
Os administradores de alguns abatedouros se queixaram de ter que pagar
como se fosse uma "ajuda de custo" que era cobrada pelos
próprios fiscais para que pudessem emitir os certificados, essa
"ajuda de custo" já tinha até valor estipulado pelo MAPA
no valor de R$ 1.600,00. Inclusive foi apresentado pelos
administradores da empresa Primos Agroindustrial um comprovante de
depósito feito ao fiscal Celso Camargo no valor citado acima.
E
não parou por ai continuou recebendo diversas denúncias de
diferentes empresas a respeito de cobrança de propina e não
cumprimento das normas sanitárias, como alteração de produtos,
(como exemplo colocar carne de frango na salsicha e ser vendida como
salsicha composto por carne de peru).
Diante
essas denúncias, passou a ver que isso ocorria em maior escala e
envolvia muitas pessoas do "grande escalão" sendo muito
maior do que parecia no inicio. Começou a receber denúncias também
de que empresas que seguiam as normas exigidas, enfrentavam
dificuldades para receber seus certificados sanitários, mesmo
atendendo as normas, os fiscais exigiam o pagamento da "ajuda de
custo" mesmo sendo sua obrigação entregar a empresa o
certificado uma vez que atendiam as normas estipuladas.
As
principais irregularidades encontradas foram a utilização de
compostos diferentes do informado na venda como a venda de salsicha
feita a base de carne de peru, sendo que a composição era de carne
de frango e não de carne de peru como informado. Utilização de
carne estragada para fabricação das salsichas e linguiças, o mau
cheiro e a aparência da carne estragada era disfarçada com a
utilização de ácido ascórbico. Além disso foram encontradas
carnes sem rótulo, carnes que não passavam pelo processo de
refrigeração, e como dito no inicio do texto a falsificação de
notas e certificados que não deveriam ser emitidos.
A
respeito da divulgação da operação carne fraca, podemos notar que
em partes a forma com que a mesma foi conduzida se tornou inadequada
pois deveria se tratar de uma investigação de cunho restrito afim
de punir somente as empresas irregulares e advertir as demais
empresas da cadeia, porém o que se viu foi um escândalo promovido
pela mídia que impactou diretamente nas negociações nacionais e
internacionais do setor.
O
setor agropecuário representou segundo cepea(
Centro
de Estudos Avançados em Economia Aplicada –
Esalq)
algo em torno de 20% do PIB nacional (2010-2015). Levando em
consideração a situação da crise, o setor do agronegócio foi o
que sustentou a balança comercial.
A
cadeia da carne de forma geral precisa se fortalecer como qualquer
outra, porém já havia conquistado uma certa credibilidade. Da forma
que a operação foi divulgada, o prejuízo atingiu a cadeia em
geral, mesmo aqueles que agiam de forma adequada com os parâmetros
legais. A partir de então o que se tem é um trabalho da
reconstrução da credibilidade, trabalho este que poderia ser
evitado.
Podemos
dizer que a investigação teve dois lados o positivo e o negativo
sendo que como negativo tivemos a queda nas exportações que
interfere diretamente no setor agropecuário que como sabemos é o
principal responsável por boa parte do PIB do país.
O
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços divulgou um
dado bastante alarmante no que diz respeito à queda da exportação
da carne bovina brasileira. A queda chegou a 19%, o que representa em
torno de 10 milhões de dólares por dia de redução nas exportações
(Março, 2017).
Porém
como ponto positivo, podemos destacar que após a denúncia teremos
maior rigor nas fiscalizações, mantendo assim a segurança
alimentar dos produtos oferecidos ao consumidor.
Blairo
maggi, ministro da agricultura, no dia (28) março 2017 alterou o
regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária para todos e
quaisquer produtos de origem animal (RIISPOA). O novo decreto
aumentou os valores das multas, de R$15 mil para R$500 mil para
aqueles estabelecimentos que estejam irregulares. O RIISPOA abrange a
fiscalização de
carnes (bovina, suína e de aves), ovos, pescados, leite e mel.
“Dessa maneira fica mais clara, de forma que as pessoas possam
entender o que está escrito”, disse Maggi”.
Além
do aumento do valor das multas, foram feitas modificações na forma
de interpretar as penalidades. Elas irã ser classificadas como leve,
moderada, grave e gravíssima. Caso seja aplicada penalidade grave ou
gravíssima, o estabelecimento pode ser interditado podendo ser
casado o registro de funcionalidade. De acordo com ministro, é dado
o impedimento de atuação da empresa no mercado.
Segundo
Maggi, quando a empresa comete três penalidades, corresponde a perda
do SIF(Serviço de Inspeção Federal), que em outras palavras seria
a perda da atuação econômica da empresa. Tal fato serve como uma
alerta a todos outros empresários, fazendo com que todos tenham uma
visão e pensamentos diferentes.
Além
disso o novo regulamento da inspeção industrial e sanitária de
produtos de origem animal estabelecem que a cada dez anos os
estabelecimentos registrados junto ao Ministério da Agricultura
terão que renovar seu registro junto ao SIF.
É
fato que a operação Carne Fraca pegou todos os consumidores de
surpresa, uma vez que acreditávamos na seriedade do trabalho feito
pelas empresas alimentícias e pelos fiscais que tem o dever de
manter padrões mínimos nos produtos para atender de forma
satisfatória os consumidores.
Mas
como foi possível perceber estamos aquem desses padrões e não
estamos tendo nossos direitos como consumidores respeitados,
acreditamos que a operação nos fez olhar para as empresas e para o
trabalho desenvolvido pelo funcionalismo público principalmente os
do setores de fiscalização com um olhar diferente.
Como
diz o dito popular “A males que vem para o bem”, quem sabe agora
poderemos consumir tais produtos sem medo.
Equipe ECBC
Equipe ECBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário